A comunicação móvel já assumiu um papel essencial na vida das pessoas. No Brasil, há quase dois aparelhos de celular por habitante. Além do impacto ao meio
ambiente e o estímulo ao consumismo exacerbado, o uso das redes sociais em horários inconvenientes pode atingir a produtividade no ambiente de trabalho. “O
celular, a internet, as redes sociais são, sem dúvida, ferramentas importantes. Vejam as páginas e perfis corporativos que aproximaram clientes e
marcas, por exemplo. Mas, no âmbito profissional, a ausência de critérios para seu uso e a falta de bom senso, estão prejudicando o trabalho de
várias maneiras”, ressalta Juliana A. Dutra, especialista em Marketing e Desenvolvimento Humano e diretora da Deep - Desenvolvimento e Envolvimento
Estratégico de Pessoas e Clientes.
A Deep realizou um levantamento com um grupo de 12 profissionais, acompanhando sua rotina de trabalho no dia a dia durante um período de seis
meses, para entender como se dá o uso das redes sociais na rotina de trabalho. O que se viu foi falta de produtividade, perda de foco,
erros em processos de trabalho e até desmotivação causados pelo uso excessivo de celulares que acessam redes sociais no ambiente de
trabalho.
“Muitas pessoas ficam o tempo todo parando para responder, atender, olhar mensagens. Acabam perdendo, em média, 1 hora e 16 minutos de
trabalho por dia. Olham, pensam, comentam ou respondem e aí voltam ao trabalho. Isso significa, por mês, 25 horas perdidas de trabalho
ou 3 dias perdidos por mês, ou até considerando alimentação, transporte, salário base, encargos e benefícios uma perda financeira de, em média, R$
4.523,00 por ano, por profissional”, explica a especialista.
A falta de foco é outra consequência do uso exagerado: a cada vez que o profissional interrompe suas atividades para ler e responder a mensagens que não
dizem respeito às suas funções, ela dispersa a atenção e isso leva a erros muitas vezes fatais. Dependendo do processo de trabalho da empresa, prejudica
muito os resultados individuais e a equipe. “Realmente atrapalha muito, mas às vezes a gente não percebe que passa tanto tempo olhando para a
tela do telefone. Quando ele toca você sabe que não deve ler a mensagem e olhar o Facebook, mas acaba sendo uma coisa mais forte. Virou automático.
Percebi que estou viciada nisso e eu sei que me prejudica, mas estou tentando melhorar. É difícil”. B, 20 anos, Assistente Administrativo.
A motivação também fica comprometida, explica Juliana: “Quando não nos aprofundamos nem focamos em uma tarefa, acabamos não enxergando a
importância do que fazemos e ficamos sempre no superficial, o que nos faz parecer nada imprescindíveis e não nos permite perceber nossos
resultados. Isso prejudica demais nossa percepção sobre o trabalho.”
No caso de líderes, os efeitos podem ser ainda mais desastrosos, porque eles acabam perdendo o respeito de seus liderados. “Para se ter uma ideia,
durante um treinamento, falei sobre o aspecto prejudicial das redes sociais no ambiente de trabalho, sobre postura, exposição excessiva de
imagem, perda de foco, erros de processos entre outros e um dos profissionais levantou a mão e me mostrou em seu celular o diretor da
empresa onde ele trabalhava comentando naquele momento festas, piadas e temas pessoais. Foi bem complicado depois disso ajustar o
processo de bom uso dos equipamentos durante o atendimento de seus clientes”, conta Juliana.
Um outro aspecto relevante é que, com as redes sociais, as pessoas têm levado muitos problemas pessoais para o trabalho, acontecem brigas
com namorados e as pessoas saem chorando, por exemplo. “A internet ajuda em muitos sentidos, mas as pessoas estão ficando viciadas em Facebook,
Twitter e aplicativos como o Whatsapp, isso tem sido um desafio no ambiente de trabalho.”
Além de indelicadezas, como atender ao telefone em reuniões corporativas, mandar mensagens durante reuniões ou enquanto se atende a um cliente, o
que é uma questão de educação, há ainda as questões de falta de bom senso. “Os departamentos de RH das empresas recorrem cada vez mais
às redes sociais para analisar os perfis de candidatos. É muito importante ter cuidado com o que se posta. A liberdade de expressão é fundamental, mas
temos que ter bom senso. Falar mal do emprego antigo ou de colegas de trabalho pode prejudicar sua imagem para uma nova oportunidade”, aconselha Juliana.