Maria Silvéria Morari, nasceu em 12 de outubro de 1931, na cidade Planalto. Aos oito anos foi com a famílias para a antiga Cabajá, hoje Nova Luzitânia.
Na época não frequentou a escola, pois sua família não tinha condições e sua mãe faleceu. “eu era muito nova e tinha criança para olhar, tinha que pagar para estudar, meu pai não tinha condições, fiquei para olhar meus irmãos, eram oito, cinco homens e três mulheres”, conta.
Casou-se em 1949 com Paulo Morari (in memoriam há 13 anos), tiveram quatro filhos, Eduardo (in memoriam), João Batista (in memoriam), Paulo Morari Filho e Laurinda. Tem duas netas, Cristiane e Maiara e um bisneto, Lucas.
Morou em Gastão Vidigal por apenas 7 meses até vender e comprar no bairro Olaria da Paula, zona rural de Nova Luzitânia. “Trabalhei em olaria, já fiz tijolos, ajudava meu irmão amassar barro, outros faziam telha. Aqui era cheio de olaria e era da Paula, por isso o nome do bairro, eu conhecia ela”, lembra.
Quando se mudou, ainda não conhecia a vizinhança. “A vizinhança minha eu não conhecia, foram comprando lotes e fazendo casas, não tinham água. Eu puxei a mangueira e eles aguavam planta e faziam casa. Hoje já dão até frutos e eles me dão. São vizinhos que eu não conhecia e são muito bons”.
“A vila era meio bagunçada, agora está boa. Mudei pra cá não tinha cemitério, não tinha nada. Hoje aumentou bastante. Para comprar pão tinha que ir em Gastão Vidigal, não tinha padaria, depois que veio o Durval e a Dita, que montaram uma aqui. Tinha alguma casa, mas era de pau caindo. Aquela casa velha que tem lá e ainda não acabou, era a mais bonita que tinha no Cabajá”, diz. Ele ainda se lembra. “Conheci os primeiros que foram enterrados nesse cemitério, foram um casal de idosos e um bebê. Minha mãe faleceu e foi enterrada em Gastão Vidigal”.
Antigamente a cultura era outra. “Canavial você não via, era só roça de algodão. Eram japoneses que vieram plantar esse algodão. Hoje só cana. E acho que foi uma coisa boa, porque só os ricos podiam tocar roça, a Usina não foi ruim, ela emprega todo mundo. Antes não tinha serviço para mulher, criança chorando de fome, não tinha roupa, nada. Hoje essa usina e esses canaviais foram uma benção que Deus fez, porque empregam gente daqui e eos que vem de fora”.
A vida melhorou após a Usina. “Aqui a gente tinha o sítio, mas não ia trabalhar para ninguém, porque não tinha serviço, meu esposo e meu filho também foram trabalhar na usina, foi coisa boa. E agora a Luzitânia endireitou, está bonita, bem tratada, tem serviço para o povo aí. Pra mim todos os prefeitos foram bons. Não voto, nunca votei, no tempo que entrou essa eleição, eu morava no sítio, tinha as crianças todas pequenas, era um tempo que precisava de dois votos de mulher para valer um do homem, agora piorou porque gente velha não precisa votar”.
Hoje Maria ainda zela pelo seu sítio. “Levanto lá pelas 7 horas, quando era mais nova tirava leite, agora cuido da casa. Vida é assim com enxada carpindo os terreiros, varrendo, mexo com as plantas”, disse. Ela também gosta muito de ir na cidade. “Todo mês vou no banco receber aposentadoria, de vez em quando vou no posto medir a pressão, tomar injeção, soro. Sempre vou na feira e gosto, mas faz dias que não vou por causa do frio. Vou todo ano nas comemorações de aniversário, dia do desfile, dia da cidade. Gosto muito da Nova Luzitânia, do povo, pra mim é tudo bom”, finaliza.