Maria José Zoppellari de Toledo nasceu em 01 de outubro de 1938, em São Carlos. Seus avós, imigrantes italianos, ao vir da Itália se instalaram
em São Carlos. “Meu pai era marceneiro fabricante de bocha e a colônia italiana era freguesa dele, mas a madeira ficou muito difícil e ele procurou um lugar onde tivesse
matas de aroeira e viu que era em Araçatuba”, conta.
Foi com 5 anos para Araçatuba e lá morou até os 17. Fez primário, ginásio e colegial no Colégio Nossa Senhora Aparecida. Aos 17 foi para Bauru para cursar a faculdade, hoje
Universidade Sagrado Coração de Jesus e lá cursou História e Geografia. “Antes de me formar prestei concurso e então quando saí da faculdade fui como professora efetiva da
Escola Pedro Pedrosa, em Nhandeara, em 1960”, lembra.
Morou dois anos na casa da Dona Amali Pedrosa. “Dois anos maravilhosos, alunos bem próximos a minha idade, pois tinha 21 e os alunos da 8ª série 17 e 18 anos. Inclusive os
alunos me ensinaram a dançar”, afirma Maria José.
Maria José conta que as famílias lhe receberam muito bem. “Tenho amigos em Nhandeara até hoje. Foi aí que recebi a primeira serenata da minha vida, feita pelo conjuntinho
“Baguá” que fazia serenatas. Participo também todos os anos do encontro de filhos e amigos de Nhandeara”, destaca.
Depois dos dois anos foi para Cedral e começou a lecionar em São José do Rio Preto também na Escola Alberto Andaló.
Em 1964 e 1965 foi selecionada para fazer parte de uma experiência que estava sendo feita no Estado de São Paulo. “Foram abertos cinco ginásios vocacionais e eu fui
trabalhar em Rio Claro, mas posteriormente foram fechados pela ditadura, pois achavam que estávamos formando alunos em líderes”, disse.
Em 1966 voltou para Rio Preto para lecionar na Escola Monsenhor Gonçalves. Ficou até 1970 como professora de história.
Casou-se em 1969 com um agropecuarista de Monções e que mora lá ainda, Jorge Toledo. Tiveram cinco filhos, Ana Paula, Jorge Humberto, Luiz Gustavo, Maurício José e Ana
Lívia. Têm também nove netos.
Em 1971 foi convidada para instalar o ginásio Monções como diretora da escola. O ginásio não tinha nome e como Orlando Ramires era um político importante lá seu nome foi
dado ao ginásio, mas por pouco tempo. Depois integrou o grupo escolar e a escola voltou a ter o nome do grupo, Escola Estadual José Florêncio do Amaral.
De 1971 a 1975 morou na fazenda que é muito próxima a Monções. “Os melhores anos da minha vida foram passados em Monções. Lá consegui ser útil a comunidade, encabecei a
construção do Centro Comunitário. Fiz rifa de carro zero, festa da cerveja, muitas quermesses, compramos o terreno e construímos o Centro Comunitário com nossas próprias
forças. Quando estava coberto e faltava o acabamento, começamos a sentir dificuldade e doamos a prefeitura”, orgulha-se.
Ela ainda conta um fato curioso. “A secretaria de Promoção Social de São Paulo pediu para eu escrever uma história porque era o único Centro Comunitário do Estado erguido
pelo povo. Eles queriam ter isso registrado em São Paulo”.
O centro passou a receber cursos de pintura, cabeleireiro, primeiros socorros, entre outros, abertos a população.
“Partimos depois para conseguir uma creche, pois lá não tinha. Pedimos ao Dr. Lino Braile, fazendeiro importante de Monções que fez muitas doações de terras para o
município, uma casa para instalar a creche. Antes funcionava provisoriamente no Centro Comunitário. Para fazer isso tudo fundamos a Associação Amigos de Monções, registrada
em cartório”, diz. Após alguns problemas tiveram de abrir outra Associação Comunidade Ativa de Monções.
Depois de conseguir todas essas coisas, voltou ao Monsenhor em 1976 e ficou até 1981, quando prestou concurso para supervisora de ensino e passou para agir primeiramente em
Jundiaí e depois em Nova Granada.
“Mesmo longe e com outra atividade, nunca me desliguei de Monções, tudo que precisava, curso ou alguma coisa eu sempre estava ajudando. Encabecei em 2001 uma campanha de
meio ambiente, levei uma ONG de Rio Preto muito boa que deu palestra para os pais, alunos, agricultores como separar o lixo, o que fazer com lixo orgânico. Um trabalho
muito bonito. Saí cedinho para minha casa para ver se ia dar certo, aí chorei de ver que todos aderiram e colocaram as sacolas com os lixos. Povo lá é uma beleza, confiante
que vai junto, acredita nos projetos, coisa muito boa. Sorteamos uma cesta básica por mês para quem colocava o lixo direitinho na rua. As cidades vizinhas me chamaram para
ver como tinha sido feito, então fui fazer palestras em Floreal, Macaubal e uma porção de lugares. Participo muito das coisas lá, da escola principalmente, a Maria pediu
para levar a escola de paz, fui atrás e levei a equipe da PM para dar curso no pronto socorro”, garante Maria José.
Se aposentou em 1986, mas foi ser coordenadora de uma escola particular, Colégio Positivo em Rio Preto, onde trabalhou por 11 anos. Além dessa atividade, lecionou 23 anos
como voluntária no Seminário Diocesano de Rio Preto, oportunidade em que ficou até 2011.
Agora se dedica ao Lar São Vicente de Paulo como secretária da Diretoria pelo quarto ano e trabalha bastante também na Sociedade Amicci D’Itália.
Como gosta muito de viajar tem um grupo que viaja junto e em toda viagem redige um livro guia sobre o passeio. “A minha vida foi feita em cima de um tripé, família,
profissão e viagens”.
Maria José finaliza ressaltando a história e o que representa o povo de Monções. “Pouquíssimas cidades possuem o privilégio de ter a sua história registrada desde os seus
primeiros dias através das anotações e fotos deixadas pelo Dr. Lino Braille. Monções graças ao seu povo colaborador e confiante no valor das causas é responsável pelo
sucesso dos projetos e por tornarem os anos que lá passei, os melhores da minha vida”, finaliza.