Rita Lopes da Silva nasceu em 14 de agosto de 1954, na Vila Sene, divisa de Nhandeara com Sebastianópolis do Sul. De família humilde, desde pequena foi acostumada a trabalhar na roça. Estudou até a terceira série da época.
Seu pai vendeu a propriedade e comprou em Monções. “Lá era mais serrado, afastado. Tivemos só uma passagem. Por causa de um boi que vazava a cerca, meu pai vendeu a propriedade e viemos para Nhandeara na propriedade do senhor Gabriel Ribeiro, como empregados”, conta. Trabalhavam na roça com algodão, milho e arroz.
Ficou na propriedade até casar-se em 1971 com Nilson Lopes da Silva. Tiveram cinco filhos, Celso, Cecília, Reginaldo, Vagner e Regina (in memoriam – 4 anos). E cinco netos.
“Fomos para o bairro São Benedito, na propriedade do senhor Benedito Bento. Continuamos no sítio e os filhos também trabalhando com a gente”, lembra.
A família ainda teve passagens por outras propriedades até chegar a casa própria. “Mudamos para o Ariado, de lá para Alcides Tonon, onde trabalhamos com café, tocávamos 6 mil pés de café. Da li fomos para a COHAB e depois vendemos e compramos na Vila Aparecida, em Nhandeara e estamos até hoje”, afirma Rita.
Mesmo na cidade, continuou trabalhando no sítio como diarista. Colheu feijão, acerola e laranja. Trabalhou também uma época em casa de família. “Minha vida foi de muito trabalho”.
Foi então que se envolveu com materiais recicláveis. “Como eu tinha uma filha doente, eu pegava recicláveis nas casas e separava no meu quintal. Já são mais de seis anos trabalhando com isso”, diz ela, que mantém um ponto de coleta em frente à Igreja Nossa Senhora Aparecida.
Há um ano está à frente do projeto Lixo à Cidadania. É um projeto, cujo a ONG Rio São José dos Dourados, em parceria com a prefeitura, conseguiu um galpão (Centro de Triagem de Resíduos Sólidos) pela premiação do Município VerdeAzul, onde qualquer Agente Ambiental (catador de recicláveis) pode levar o material para ser prensado para valorizar o material. No local também são servidas refeições, tem refeitório, sala de leitura e banheiros adaptados. Energia e prensa não tem custo para os agentes. Atualmente o que é arrecadado é dividido em três pessoas, que fazem parte do projeto.
“De segunda a quarta fazemos coleta com caminhão da cidade. Depois fazemos a triagem dos materiais, pois assim é mais valorizado. Se precisar ainda saímos para buscar mais materiais”, disse ela, que tem ainda em sua rotina diária os cuidados prestados a uma senhora, com quem posa a noite e o trajeto de sua casa até o mercado para deixar o carrinho para encherem de papelão.
Após todos esses anos no município, Rita diz gostar muito, pois aqui fez amizades e conquistou a confiança de muitos. “Agradeço a população que toda segunda e quarta deixa a reciclagem e colaboram não só com a gente, mas com a limpeza do município”. Ela ainda lembra de como o povo a acolheu bem. “Tinha até gente que ajudava a empurrar o carrinho quando quebrava”, finaliza.