Jandira Militão de Castilho, nasceu em 30 de agosto de 1927, em Ubarana. Mas logo foi embora para Potirendaba com a família e lá lembra da primeira casa em que morava com
os pais e os irmãos.
Foi quando aprendeu a ler, mesmo sem frequentar escola. “A minha escola era assim, os mais velhos ensinavam a gente fazer conta, pegava lamparina e vinha em volta da mesa e minha mãe dizia que
tínhamos que estudar, gostava muito. Aprendi logo o ABC, com umas cartilhas antigas e boas que minha irmã mais velha ensinava”, lembra Jandira.
O aprendizado lhe rendeu muitas brincadeiras. “Aprendi a escrever o nome, quando era mais nova escrevia bilhete, cartas para as colegas. De primeiro as canetas eram horríveis, comprava pena e um vidro
de tinta azul e escrevia, eram penas que não davam firmeza, elas se partiam com o tempo. Agora tem umas canetas boas, aqui em casa quando estou sozinha pego e vou anotando tudo o que preciso para
comprar na venda, vou lembrando e marcando”, conta ela, que tomou gosto pela leitura e desde então não parou mais, lê jornais e até livros de romance.
Chegou a Gastão Vidigal com 10 anos e, com muita lucidez, nos disse todas as cidades por onde passou neste caminho, até vir para a área rural. Na época cada um dos irmãos pegava um serviço para fazer.
“Aprendi a costurar e gostava muito, fazia também coroa de flor para o cemitério, trabalhava sempre com a lamparina acesa, era uma casa velha, mas aprendi demais a trabalhar”.
Casou-se aos 24 anos com João Pereira de Castilho (in memoriam), com quem teve cinco filhos, José Pereira de Castilho (in memoriam), Maria, Ney, Aparecida e João. Têm nove netos e sete bisnetos.
Morou em um sítio próximo ao cemitério por uns 7 anos, onde seu marido tirava leite. Também morou em uma chácara e trabalharam tocando roça. “Eu era nova, forte, levantava cedo, cuidava das coisas de
casa, pessoa no retiro sujava roupa e tinha que ficar lavando, a gente sempre combinava com os patrões. Depois viemos para a vila (Gastão Vidigal)”.
Mãe de dois prefeitos da região, Ney Castilho (Gastão Vidigal) e João Castilho (Floreal), se orgulha de ter criado bem os filhos, sempre com honestidade. “Zelamos sempre pelo nome, sempre ensinei os
filhos é bonito ser pobre, mas não ‘veiaco’. É difícil dar certo de ser dois prefeitos, passávamos muitos apuros quando eles estavam perto da política, ficava com o coração na mão. Eles vão pelejando
para fazer tudo certo, o povão é que tem de avaliar se são bons ou não”, afirma.
As filhas moram uma Monções e outra em Turiúba, o João em Floreal e só o Ney em Gastão Vidigal, ao lado de sua mãe. “Gosto de morar aqui, tenho amizade com todo mundo, acostumamos com os vizinhos, até
tiveram uns que faleceram e eu senti muita falta”, disse Jandira.
Ela ainda conta um pouco como é sua rotina. “Acordo cedo, gosto muito de plantas e logo vou zelar por elas, faço almoço, minha nora traz salada para mim, arrumo cozinha, enxugo, limpo o fogão e vou
deitar um pouco, nunca sem deixar tudo limpinho. A tarde tomo banho. Além disso, sempre recebo visitas aqui em casa”, diz.
“Eu vou sempre na casa dos filhos, quando não estou boa fico na casa das meninas para cuidar da gente, elas querem que fico lá direto, mas gosto aqui de casa”, finaliza Jandira.