Após seis quedas seguidas, na comparação de um mês com igual período do ano anterior, o faturamento real (já descontada a inflação) das micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas voltou a crescer. Em setembro deste ano houve aumento de 6,9% na receita real ante setembro de 2013. Apesar da alta, no acumulado do ano, o faturamento registra variação de -0,3% em relação ao mesmo intervalo de 2013. Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
A receita total das MPEs do Estado em setembro somou R$ 51,5 bilhões, R$ 3,3 bilhões a mais que no mesmo mês de
2013 e R$ 3,8 bilhões acima do resultado de agosto de 2014.
O resultado positivo de setembro foi alcançado por conta da base de comparação relativamente fraca (em setembro de
2013 o faturamento caiu 1,3% em relação a setembro de 2012) e porque o mês teve um dia útil a mais do que setembro
do ano passado.
“Foi o primeiro aumento desde fevereiro. É uma melhora, mas infelizmente não temos muito o que comemorar. O ano não
tem sido bom para a economia brasileira e as micro e pequenas empresas têm sofrido com o cenário adverso, como
podemos observar pelo resultado negativo do faturamento no acumulado de janeiro a setembro de 2014”, afirma o
diretor- superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
Por setores, a indústria continua registrando desempenho ruim: queda de 2,6% no faturamento de setembro em relação
ao mesmo mês do ano passado. O comércio apresentou elevação de 1,6% na receita. Os serviços tiveram crescimento de
17,3%, índice que acabou sendo o responsável por puxar o desempenho positivo das MPEs em setembro. Também
influenciaram no resultado do setor de serviços o dia útil a mais e a base de comparação mais fraca, já que em
setembro de 2013 as MPEs do segmento registraram recuo de 6,2% na receita real ante o mesmo mês de 2012.
Entre as regiões do Estado, as MPEs do Grande ABC apresentaram a maior variação no faturamento em setembro, com
aumento de 19,2% ante igual mês de 2013. Os negócios localizados no interior paulista registraram crescimento de
12,1% na receita. O município de São Paulo apresentou evolução positiva de 6,6% e a Região Metropolitana de São
Paulo teve elevação de 2% no faturamento.
Empregos e remuneração
De janeiro a setembro, o total de pessoal ocupado nas MPEs paulistas aumentou 0,5% na comparação com o mesmo
período de 2013. O rendimento real (salários e outras remunerações) dos empregados das MPEs de São Paulo registrou
variação de -0,1%, no mesmo período. O gasto total com a folha de salários apresentou aumento de 2,2% nessa
comparação.
Expectativas
Quando perguntados sobre a expectativa para o faturamento da empresa nos próximos seis meses, a maior parte dos
donos de MPEs paulistas (58%) disse em outubro esperar estabilidade. Os que acreditam em melhora do indicador são
26% ante 34% em outubro do ano passado. O grupo dos que esperam piora ficou maior: reunia 5% dos empresários
entrevistados em outubro de 2013 e agora estes são 7%.
Com relação à atividade econômica brasileira, 50% dos proprietários de MPEs do estado de São Paulo preveem
estabilidade nos seis meses que virão. Em outubro do ano passado, eram 55%. Dezenove por cento falam em melhora
(eram 23% no ano passado) e 16% aguardam piora ante 12% em outubro de 2013.
“Como o mercado interno é o mais importante para os pequenos negócios, a debilidade da atividade econômica afeta
diretamente o desempenho dessas empresas”, afirma o coordenador de pesquisas do Sebrae-SP, Marcelo Moreira. Segundo
ele, deve haver alguma melhora nas receitas das MPEs neste último trimestre por conta do pagamento do 13º salário e
as compras de Natal, mas 2014 provavelmente não terminará com resultados muito expressivos. “Há várias incertezas
na economia brasileira, como inflação relativamente elevada, piora nas condições de crédito e na confiança de
empresários e consumidores”, explica Moreira.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716
proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de
comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com
faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.