quinta-feira, 12 de dezembro de 2024   | : :
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Crise na política nacional afeta os municípios da região

Prefeitos comentam os últimos acontecimentos



Crise na política nacional afeta os municípios da região

Há pouco mais de uma semana o país viu estourar mais uma enorme crise no cenário político nacional, com a divulgação da delação premiada de Joesley Batista, dono do grupo JBS, investigado na Lava Jato e outras operações deflagradas pela Polícia Federal para investigar possíveis desvios, pagamentos de propina e fraudes na liberação de recursos públicos. O empresário gravou uma conversa que teve com o presidente Michel Temer (PMDB), em março, na residência oficial da presidência, que indica prática de crimes e coloca o chefe do País na condição de investigado no Supremo Tribunal Federal (STF). O Jornal A Voz do Povo conversou com os prefeitos da região para saber como os últimos acontecimentos e a crise na política nacional afeta os municípios.

Ao todo, ouvimos 10 dos 13 prefeitos da região de circulação do Jornal A Voz do Povo. Todos foram unânimes em dizer que sim, a crise afeta muito os municípios, seja em convênios, arrecadações ou crescimento. Apenas os prefeitos Nelson Montoro (Monte Aprazível), José Antonio Menoni Espindola (Sebastianópolis do Sul) e Cleusa Gui Martins (União Paulista) não quiseram se manifestar nesta edição.

Temer assumiu o governo há pouco mais de um ano após o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Neste ano a economia dava sinais de que melhoraria e o país voltaria a crescer, mas a situação voltou a se agravar com a divulgação das delações premiadas do dono da JBS e diretores da empresa sobre pagamento milionário de propinas a agentes públicos. Hoje, o cenário mostra a insatisfação cada vez maior com o atual governo e muitos pedem a renúncia do presidente.

O presidente pode sair do cargo de quatro maneiras: renúncia, impeachment, cassação pelo TSE ou ação penal. A primeira, Temer já declarou que não fará; sobre a segunda, nove pedidos de impeachment foram protocolados desde a divulgação de informações da delação premiada; a terceira, a cassação já está sendo julgada pelo TSE; e a quarta depende de uma eventual denúncia da Procuradoria Geral da República.

Se Temer sair da presidência, pela Constituição Federal quem assume é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), durante 30 dias e convoca eleições indiretas, isso porque já se passaram mais de 2 anos desde as eleições de 2014.

As frentes de movimentos sociais que são contrárias ao governo de Temer e ao impeachment de Dilma estão pedindo a convocação de eleições diretas. Há uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) tramitando na Câmara que tornaria isso possível.

Floreal - João Manoel de Castilho

Nós estávamos num período muito otimista. Inclusive estivemos no congresso, participando da marcha de prefeitos e existia uma expectativa muito forte e números de que ia melhorar a economia e o município receberia essa melhora. Tínhamos 1% do FPM para julho, a economia estava crescendo e ao PIB aumentou um pouco, principalmente no Sudeste, interior do Estado de São Paulo, aumentou muito o número de carteiras assinadas e o desemprego estaria terminando na nossa região.

Após a deflagração desses depoimentos, do que aconteceu com a JBS, o presidente Temer e alguns outros políticos, foi muito negativo, a mesma coisa de jogar um balde de água fria. Estava acelerando e temos de colocar o pé no freio, porque não sabemos o que vai acontecer.

Temos convênios antigos, obras de galeria, quadra da CDHU, implementos agrícolas, lavador no fundo da prefeitura, investimento na saúde, mas mesmo assim ficamos com pé atrás porque a gente sabe que se o governo não vai bem na esfera federal ou estadual, quem paga a conta é o município, que é onde as pessoas são mais próximas do prefeito, onde oferecemos os principais serviços, remédio, educação, assistência social. Parece que não, mas influencia muito forte. As pessoas que pensavam em investir em alguma coisa, guardam dinheiro e não gastam, portando não há arrecadação de impostos e o município não recebe.

Como brasileiros continuamos acreditando e tendo fé de que vai melhorar. Acredito na política e creio que o Brasil está sendo passado a limpo, vão ficar realmente os bons lícitos e os sérios, que tenham comprometimento com o país.


Gastão Vidigal – Roberto Breseghello

O país está terrível, tudo para, tudo diminui, pagamentos de impostos e arrecadações diminuem. Estávamos começando a crescer, arrecadação melhorando, mas voltamos à estaca zero. Ele (Temer) havia feito promessas em reuniões em Brasília, mas com essa mudança não sabemos se fica ou cai e quem assumir não sabe se vai cumprir o que ele prometeu. Para a gente ficou difícil, desanimador. Tínhamos uma luz no fim do túnel, mas agora se apagou. Foi terrível. Parou tudo. Mas temos que ter esperança.


Macaubal – João Florentino Neto

Acredito que deveria deixar o governo seguir, senão vai parar tudo novamente. Se ele prosseguir vai ficar o segundo semestre e o ano que vem inteiro. Se mexer agora vai ser ruim para o país todo, tudo vai parar e trazer impacto negativo. Reflete no estado, afeta nos recursos para os municípios, emendas federais ficam paradas, obras. É motivo de preocupação para todos os prefeitos, o país volta na estaca zero. Já dá para sentir os efeitos crise, pois não temos mais previsão para assinatura de emendas que pedimos, enquanto não tiver uma definição sobre o presidente.


Magda - Viviane Caselli

Nós, municípios pequenos, dependemos maiormente de recursos federais, e com esta instabilidade política nacional, o planejamento realizado para o município fica comprometido. O que nos resta é trabalhar com responsabilidade e muita cautela para que nossa população sofra o menos possível com essa crise política nacional.


Monções – Douglas Honorato

No município ainda não deu para sentir o impacto, isso acontece mais a médio prazo, mas a crise afeta a economia, com isso cai o consumo e também os impostos arrecadados pelos municípios. O país para de crescer e afeta diretamente os recursos repassados aos municípios, ficando difícil tramitar junto aos deputados por emendas.


Nhandeara – José Adalto Borini

Impacto grande. O que acontece perante a política nacional recai em cima dos municípios, estabilidade fica lá em baixo. Isso influencia nos repasses, liberação de recursos e vai ficando difícil. As coisas param, estavam começando a fluir, mas depois disso tudo que veio à tona, o país para, ficam especulações e expectativas sobre tudo que vai acontecer. Todos os setores paralisam e os municípios pequenos tem uma perca grande. O microempreendedor é quem carrega o país e isso tudo o afeta, complica a geração de emprego também pela falta de estabilidade e cria uma alta desconfiança.


Nipoã - José Lourenço

Para nós está sendo muito negativa porque a arrecadação cai muito e é desesperador o que os municípios estão passando. Mais do que nunca temos que rezar e pedir muito a Deus para que isso termine logo, para que a economia volte a crescer, pois é humanamente impossível tocar um município pequeno como o nosso somente com o dinheiro que vem do Estado.


Nova Luzitânia - Laerte Aparecido Rocha

Agora as coisas estavam começando a engatilhar, mas acredito que vamos passar momentos mais amargos. Isso precisa ser resolvido logo, a lei é muito demorada e quem paga é a população e os municípios que ficam com a situação muito pior.


Poloni – Antonio José Passos

Estive em Brasília na última semana, com alguns prefeitos e deputados federais, e pegou todos de surpresa num momento em que o país começava a mostrar uma luz, a economia mostrando sinais de progresso e veio essa avalanche que fez com que o país parasse, voltou à estaca zero tudo de novo. É muito cedo para dizer o que pode acontecer, mas isso precisa se resolver o mais rápido possível. Estamos dependendo de algumas liberações de infraestrutura e setor de saúde, tudo que foi protocolado está parado. Lamentamos o fato, pois somos políticos e a sociedade está desacreditada pela situação. Somos pequenos, mas não deixa de nos ferir.


Turiúba - Rubens Fernando de Souza

O impacto que a gente sente é com recursos financeiros, oscila muito. Um mês vem um valor, no mês seguinte é outro e as despesas continuam as mesmas. Nós não temos ICM, que é muito ruim. Dependemos muito do governo, de emendas de deputados, mas no momento está tudo parado. O maior impacto que sofremos é nessa situação financeira.

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